PÁGINA FACEBOOK

https://www.facebook.com/pages/Autor-da-Minha-Hist%C3%B3ria/352657488156512

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Diálogo sobre a vida, num dia de chuva

EU – São estes dias de chuva que me fazem pensar. Pensar na vida.
TU – É… sabes que é engraçado que a nossa vontade pouco adianta, de pouco vale para aquilo que o destino quer para nós.
EU – É verdade. A vida é uma incógnita e ao mesmo tempo consegue ser irónica. Ela dá tantas voltas que muitas vezes tu nem podes acreditar onde vieste parar. Depois olhamos para trás, para o passado, imaginamos todo o futuro que planeamos, e hoje que estamos a viver esse futuro ele não tem nada a ver com aquilo que nós sonhamos para ele. E muitas vezes, a culpa nem é nossa. Não foi a nossa vontade, que se calhar, nos trouxe aqui… Foi o destino!
TU – É disso que eu tenho medo sabes? As pessoas dizem que nós devemos lutar, que as nossas vontades contam, mas será que é assim? Será que a nossa vontade consegue ser maior que o destino? Será que as nossas escolhas conseguem ser maiores que o propósito da nossa vida? Quantas e quantas vezes tu não olhas para o lado e pensas: “mas eu não quis isto! Eu queria diferente! Porque é que eu estou aqui?”.
EU – É. Eu também tenho medo. Às vezes a vida consegue ser maior que nós… mais forte que nós. Nós sonhamos, imaginamos, e acaba sempre tudo por ser tão diferente.
TU – Qual será o propósito destas coisas?
EU – Sabes, o que é que eu aprendi com a vida? Que por mais perguntas que nós tenhamos, por muitas coisas que nós queiramos descobrir… descobrir o porquê, nós nunca vamos saber. Talvez um dia, um dia, daqui a uns anos, tu olhes para trás e percebas e digas: “eu estive ali, eu passei por aquilo, que é uma coisa que eu nunca tinha imaginado antes passar, para chegar onde estou”. Mas se calhar hoje, também já estás a imaginar um futuro que vai ser tão diferente como tem sido até agora.
TU – As coisas que às vezes damos por garantidas, são as que menos o são.
EU – Não há nada seguro na vida. Tu lutas, tentas conquistar, e a maior parte das vezes, ou não consegues ou consegues mas tens por pouco tempo.
TU – Não há aquela frase que diz que a pessoa grita para o mundo: “eu estou feliz” e depois a vida responde: “LOL, dá-me só uns segundos!”. A felicidade não é eterna. Não é certa. Nem o amor. Nem a amizade. Nem a confiança. Nem o respeito. Nada… nada é eterno.
EU – Eu acredito que o amor, assim, de uma maneira talvez fantasiosa, ilusória que seja eterno. Eu acho que há pessoas que nasceram para se encontrar.
TU – Com tantos desencontros que a vida te oferece, tu nunca sabes o que é certo, o que é que é para se encontrar!
EU – Ah, mas eu acredito que o mundo é pequeno demais para duas pessoas que nasceram para se encontrar! A vida com as suas voltas, vai sempre dar um jeito de juntar quem nasceu para se encontrar!
TU – Se a vida quer as pessoas juntas, para que é que as separa?
EU – Não sei… Talvez porque elas tenham que aprender alguma coisa antes de finalmente saber onde é o lugar delas. Talvez as pessoas precisem errar, precisem conhecer lugares errados, precisem conhecer pessoas erradas, para perceberem que o lugar delas não é ali.
TU – Mas se as pessoas nasceram para se encontrar, e depois se afastaram… as pessoas já deviam saber que aquela é a pessoa certa!
EU – Não… nem sempre. Às vezes as pessoas querem sempre mais, acham sempre que aquela pessoa não é bem aquilo que foi feito para elas… Porque ao mesmo tempo há pessoas que sabem, olham para uma pessoa e dizem: “Ok, esta pessoa foi feita para mim!”. Mas depois há outras pessoas que não conseguem ver isso de primeira, sabes? É estranho, mas é assim.
TU – A vida é tão complicada!
EU – Não sei se é complicada, ou se nós, de tanto pensarmos nela que a tornamos complicada. Às vezes há coisas que vale mais a pena não pensar sabes? Por muito duro que seja, por mais difícil que seja, é melhor nem pensar nas coisas, porque quanto mais tu pensas e menos respostas tu tens para o que pensas, tu mais te confundes, mais te baralhas, mais sofres…
TU – Às vezes eu gostava de ser vidente! Saber o que me vai acontecer daqui a uns tempos. Onde é que eu vou andar!
EU – Tu vais andar onde tiveres que andar! Cada pessoa tem a sua história, o seu caminho, e tem o seu tempo. Cabe às outras pessoas respeitar isso.
TU – É. Por falar em respeito, há muitas pessoas que não respeitam nada nem ninguém. Mas deveriam respeitar mais a vida.  Há pessoas que acabam por não a respeitar, querem viver tudo tão intensamente, tão… tão agora, que acabam por deitar tudo a perder. TUDO.
EU – Engraçado!
TU – O quê?
EU – Enquanto vejo esta chuva cair, enquanto estou aqui a refletir sobre a vida… o tempo passa… Eu já não sou a pessoa que eu era há uns anos atrás. Eu mudei.
TU – Toda a gente muda.
EU – Sim. Mas eu mudei, e sei que foi para pior. Tornei-me numa pessoa muito insegura. Desconfio de quem devia confiar, e confio em que não devia confiar. É como se eu andasse ao contrário, percebes?
TU – E porque continuas agarrado à mesma pessoa de sempre!
EU – Sabes que às vezes, eu páro, olho p’ró nada e há cenas que eu passei, com essa pessoa, que aparecem à minha frente, sabes? Momentos, palavras, frases, gestos, olhares… momentos que eu passei. É como se… se tivesse a passar um filme à minha frente, sabes? Mas é o filme das cenas que eu protagonizei. Em que eu fui feliz. Em que eu chorei. Sabes que eu fui à escola, aqui à uns dias, eu passei pelos sitíos onde eu fui feliz… os sítios que marcaram a minha história, sabes?... A minha vida. Eu não me lembrei das coisas más. Elas existiram, mas eu só me lembrei das coisas boas.
TU – O amor é assim. Às vezes lembra-nos das coisas boas, outras das coisas más… As memórias não são certas. Um dia pensas numa coisa, no outro já pensas noutra. Um dia estás a lembrar as coisas boas, no outro as más…

EU – Tudo na vida é uma incógnita. O amor. O destino. O futuro. Os caminhos. Tudo. E nem vale a pena tentar desmistificar, se só vivendo dia após dia, se descobrirá, o que houver para descobrir…




Sem comentários:

Enviar um comentário