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sábado, 16 de novembro de 2013

Álbum de memórias

   A casa dorme, a aldeia dorme e a própria lua dormita suspensa de um céu sem estrelas, e eu mergulho nestas linhas com uma caneta que desejava tivesse os finos contornos de uma pena porque me parece que seria infinitamente mais romântico escrever com uma, mas divago….
   Escrevo enquanto espero um sinal teu, uma prova de que em algum lugar ainda não me esqueceste… Tornei-me, receio, preso das minhas próprias emoções. Tenho medo de amar, mas amo, tenho medo de nunca chegar a ter-te, mas escolho ficar a teu lado e aí permanecerei até que me peças para partir, partilhando o teu tempo e a tua atenção enquanto mo permitas…
   Às vezes relembro um passado onde a emoção não era ainda a coreógrafa dos meus dias sempre iguais. Recordo um tempo em que tomei como refém a lucidez ao invés de me mover ao ritmo do dedilhar da minha loucura. Sempre fui demasiado racional, demasiado sério. Às vezes pergunto-me se não terei querido crescer depressa demais. Hoje em dia só queria ser criança e lidar com os afectos de maneira espontânea, natural… Às vezes gostava que a minha única preocupação fosse o paradeiro do meu brinquedo preferido, o camião do X-Men que esperava desembrulhar na véspera de Natal ou o que a mãe diria quando visse mais umas calças rasgadas e os joelhos de novo esfolados…
   Quando desfolho o álbum de fotografias atinge-me a alegria despreocupada que me emoldurava o rosto, o esboço de alguém ainda imune ao toque da idade e do tempo. E queria poder refugiar-me para sempre nos olhos azuis marotos, mas meigos, que me espreitam da moldura e não ter mais de pensar no que sinto e no que será o futuro.

Há noites em que sonho que me perdi num deserto, até que ao longe me assalta, a jeitos de miragem, o fantasma de uma casa, e sei que um dia cruzarei aquela soleira e estarei enfim onde pertenço… Se ao menos fosses tu a sombra que emoldura a porta…

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