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quinta-feira, 9 de maio de 2013

E se estivéssemos no lugar de Milú?



EU – É triste como as coisas acabam assim de repente.
TU – De um momento para o outro…
EU – Estás a ver como é a vida? Num minuto estamos bem, no outro já não somos nada.
TU – Pois… nós nunca sabemos o tempo que aqui vamos estar. Agora estamos aqui a conversar e daqui a cinco minutos podemos estar mortos. É a única coisa que não nos podemos escapar na vida… é da morte. A nossa hora está escrita.
EU – Mas porque é que Deus nos fez tão frágeis?
TU – Para darmos mais valor à vida.
EU – Ninguém dá. Toda a gente convencida que vai viver para sempre.
TU – Oh que asneira. A maioria das pessoas tem um medo horrível da morte.
EU – Medo têm. Mas pensar que ela existe e que de um dia para o outro ela lhes pode bater à porta, ai isso não pensam.
TU – Desculpa lá, ninguém acorda a pensar que este vai ser o último dia pois não? O que é que eu vou fazer, o que é que não vou fazer? Se fosse assim as pessoas não tinham uma vida normal, não achas?
EU – O que eu estou a querer dizer, é que se nós tivessemos mais consciencia da morte não dávamos importância a coisas tão insignificantes! O que nós devemos fazer mesmo é valorizar as pessoas. Fazê-las felizes enquanto podemos.
TU – A morte também tem esse condão. Faz-nos reflectir sobre o que é verdadeiramente importante na vida.

Lembrei-me muito de ti hoje enquanto assistia a um episódio da novela “Ninguém como Tu”. Um episódio muito emocionante e que fez com que mais uma vez os meus pensamentos me levassem a ti. Houve mesmo uma cena em que eu não consegui conter as lágrimas. A cena em que Milú (interpretada pela grande senhora – já falecida – Rosa Lobato de Faria), se despede do seu marido Luciano (com quem foi casada mais de 50 anos) e das filhas Luíza, Dulce e Júlia. Na novela a personagem de Milú vê a sua vida ceifada depois de um carro entrar em contra mão em plena auto-estrada e o carro onde Milú seguia bater de frente com o outro carro. Depois de uma grave hemorragia interna, Milú acaba mesmo por morrer. Chorei por pensar que amanhã eu posso morrer ou tu podes morrer e nós os dois estámos separados, afastados, completamente de fora da vida um do outro. Chorei por ver que caso a morte apareça na minha ou na tua porta, eu não vivi contigo e ao teu lado tudo aquilo que eu queria viver. Morreria incompleto porque não te amei do jeito que sonhei, não te tive do jeito que desejei, não estive contigo ou tu comigo até ao último segundo. E só de imaginar que a morte um dia vai chegar e eu e tu possamos continuar separados, é uma tristeza e um vazio enorme. Há que aproveitar a vida, só que não me sinto capaz de a aproveitar a 100% sem ti. Tu és uma metade de mim, uma parte de mim… tu és importante e fundamental na minha história. És o amor por quem esperei anos da minha vida, és a pessoa com o brilho, o cheiro, a voz, o olhar mais inesquecivel do mundo. Tudo me leva a ti, até uma cena de uma novela!
Aquela despedida poderá vir a ser a nossa despedida um dia mais tarde. Não é a despedida que me fez ficar triste, mas sim a certeza de que até à nossa despedida podemos muito bem nunca mais no falarmos, porque como digo no diálogo “damos importância a coisas tão insignificantes”, quando aquilo que deveríamos fazer a cada segundo das nossas vidas era amar quem nos ama, fazer felizes aqueles que também nos querem fazer felizes, e deixar de parte tudo aquilo que não tem importancia…
Sei que não me amas, que provavelmente nem gostas de mim sequer, mas só de ver aquela cena de novela, onde ocorre uma despedida eterna, fez-me pensar se fosse eu ou tu a estar no papel de Milú, se não olhariamos para trás e não iriamos lamentar todas as nossas escolhas e tudo aquilo que vivemos separados, quando a vida nos deu uma oportunidade de podermos construir um caminho e uma história repleta de amor, de paz, tranquilidade e muitos bons momentos. Só que as nossas lutas constantes, as nossas guerras e os nossos sonhos contrários levaram tudo isso! Mas e se estivesses no papel de Milú e olhassemos para trás? Como seria?  

Nós não temos a vida nas mãos. O tempo voa com maior velocidade que um pássaro em busca da liberdade, e quando paramos, vemos que o tempo já passou e que infelizmente, ele é a única coisa que não se recupera, e que ele se gasta cada vez que um segundo passa… e enquanto o tempo passa, há coisas que também se vão tornar impossiveis de recuperar, porque ele também já as poderá ter levado eternamente…  

É por isso que também te escrevo este blogue. Porque mesmo que um dia eu morra antes de conseguirmos encerrar a nossa história com o final que ela merece, tu terás este blogue como prova de como nunca te esqueci, e de como te amei... 

 Rosa Lobato de Faria como Milú em "Ninguém como Tu"

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