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sábado, 23 de março de 2013

Sónia Brazão | Não desisto - As melhores frases e excertos !

Título: Não Desisto
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Autoria: Sónia Brazão

Ano: 2011

Editora: Livros D'Hoje

Sinopse: Um testemunho de vida, força e coragem que pode inspirar outras pessoas.







·         Acredito que muitas, senão quase todas as vicissitudes que enfrentamos, são criadas por nós como forma de nos aperfeiçoarmos.
·         Porque em vez da revolta, da recusa, do “Porquê a mim?”, da não aceitação iniciais, se lhes atribuirmos um sentido, temos não só o caminho facilitado como a hipótese de, no fim do processo, sermos pessoas mais estruturadas.
·         O mundo pode transformar-se em segundos. Inesperadamente. E a vida que tínhamos torna-se outra. Eu sou a mesma pessoa que sempre fui e, ao mesmo tempo, outra: sou uma sobrevivente. E feliz por o ser.
·         O poder das palavras é imenso. Pode desvirtuar a realidade, conta-la de forma sucinta, permitindo uma infinitude de possibilidades. É poderosa e, ao mesmo tempo, a palavra corre o risco de se tornar perigosa.
·         As peças da vida não são para queimar, são para serem vividas.
·         Nunca me senti abandonada e ninguém pode imaginar apenas o extremo conforto dessa sensação: não estar sozinha.
·         Ali estava eu, o que restava de mim, numa cama articulada, desconhecida, toda embrulhada, incapaz de ver em meu redor, com medo de me mexer, antecipando a dor, de braços abertos para curar as feridas. E, para agravar a situação, ainda tinha um dos ossos do braço esquerdo fracturado. Quem era eu? Um resto.
·         Os meus olhos eram tudo o que me restava.
·         As lágrimas fazem – e fizeram então – parte do meu dia. Não de uma forma lamechas, não encaro essa emoção como pieguice, porém como um acto de ligação ao que me tinha acontecido. Como uma forma de reviver o passado. De me recordar e saber quem sou.
·         Eu não estava cega, é certo, mas o meu corpo estava aos gritos, a reclamar com dores e parecia que me dizia que não era possível estar ali. Tinha de me mexer. E pensava, então, constantemente nesse verbo: mexer.
·         Lembrei-me de mim a rodopiar à chuva enquanto criança, a fugir de uma carga de água a sair da escola, a rir com tudo o que a chuva pode trazer de bom. Querer voltar a ter aquela sensação, voltar a fugir e a desfrutar da chuva, passou a ser uma outra ideia fixa, algo que ocupava a minha mente, que eu precisava de recuperar urgentemente.
·         O medo está na nossa cabeça, todos conhecemos essa teoria, contudo é uma das emoções que rege e determina a nossa condição animal. O medo reside na ideia de que podemos não resistir, sobreviver, aguentar.
·         Todos os dias dou graças por respirar. É a primeira coisa que faço quando acordo de manhã. Agradecer.
·         Eu sei que sou capaz. Tenho de acreditar em mim e nas capacidades que possuo.
·         Uma coisa é efabularmos sobre um cenário de outra pessoa, outra é vermos a nossa vida posta em causa.
·         Agradecer nunca é suficiente, concluo. Custa estar nas mãos de outros para viver, mas, ao mesmo tempo, isso é uma bênção porque nos tratam de maneira única, individual, preocupados com sentimentos, receios, ideias negativas que nos possam assaltar.
·         Dentro da unidade de queimados senti que estava numa espécie de redoma de vidro, numa bolha de sabão ou dentro de uma cápsula protectora, que me iria salvar do tormento, da dor, da transformação do meu corpo, como se fosse um bicho de seda em metamorfose à espera do momento para se libertar e voar.
·         Acima de tudo, lembro-me da dor. Da possibilidade de terem de me tocar, fosse por que razão fosse, era potenciador de uma tensão extrema, o que me criava uma ansiedade enorme, porque podia antecipar que ia doer. Apesar de todos os cuidados, da lentidão dos movimentos ou da atenção individual que me dedicaram, doía sempre.
·         A dor era dominadora.
·         “Amanhã será melhor que hoje, Sónia”. Agarrei-me a estas palavras.
·         Não quero, de forma alguma, que me vejam como uma desgraçada ou pobrezinha, mas como alguém que, milagrosamente, superou uma das situações médicas mais complexas que podem existir. Sei, e sinto, todos os dias, sem excepção, que sou uma sobrevivente.
·         Sonhava, então, em voltar a rir. Para rir é preciso contrair a maioria dos músculos da cara, mas isso eu não sabia então e pouco fazia. O riso animava-me e eu sabia que era bom de ouvir.
·         A nossa cabeça não pára.
·         (…) os pensamentos passaram a ser, como sempre, uma constante. E pensar é questionar, rever, interrogar. Pensar pode ser violento. As conclusões a que chegamos podem ser muito variadas. Há pessoas que viveram situações similares à minha; há pessoas que vivem em condições mais dramáticas e com maior dor e incapacidade. A verdade é que nos adaptamos, temos de o fazer, a vida continua, ainda que de outra forma.
·         Damos pouco valor ao que temos.
·         (…) a vida me mostrou que, afinal, o caminho seria outro, mesmo que eu chorasse horas a fio.
·         Perder alguém que amamos é, em qualquer circunstância, avassalador.
·         A dor que sentia era fulminante, o corpo parecia não me pertencer, o sangue espalhava-se e não parava. Naqueles minutos, eu teria feito, aceitado, acatado qualquer coisa. Fosse o que fosse, só para sentir alivio. Só queria que tudo terminasse.
·         A dor é impossível de descrever.
·         Queria sair do meu corpo, daquela dor excruciante e terrível.
·         Nunca seria capaz de magoar intencionalmente fosse quem fosse.
·         A mente tem formas de protecção, garantem-me, e talvez esta seja a que eu encontrei para me defender.
·         A dor é demasiada. Dirão que é egoísmo. Não, não creio que seja isso. Há um receio das memórias, a aflição de ter prejudicado as pessoas ao meu redor e de todo o meu mundo ter ficado, literalmente, de cabeça para baixo. Nunca contamos que o mal nos possa bater à porta com um jeito atroz de nos colocar, de nos atirar, para um local onde jamais nos imaginámos.
·         Lembro-me de ter pesadelos. De sonhar com coisas más, porém não as sei precisar. Iam e vinham.
·         Vi a dor nos seus olhos. O medo e a incerteza estavam espelhados naquele mar azul que compõe o olhar da minha mãe.
·         Não podia desistir. Queria serenar a dor da minha família de qualquer maneira. Tinha vontade de sair, de superar as queimaduras, de as arrumar num canto qualquer longe, muito longe. Como se tal fosse possível.
·         O tempo tem o condão de nos surpreender, sobretudo quando estamos mentalizados para chegar a uma determinada meta, quando temos um objectivo a cumprir.
·         Se a sorte me apanhou – ou eu a apanhei – vou seguir em frente.
·         Todos nós pedimos a algo ou a alguém, nem que seja ao Universo.
·         Somos – e estamos sem saber por quanto tempo – dependentes.
·         Imaginar a dor de qualquer gesto era o suficiente para me retrair psicologicamente.
·         Eu mandava a informação do cérebro para as pernas: uma espécie de ordem a dizer que deviam mexer-se, andar… e nada me obedecia. Ganhou a frustração, claro.   
·         É preciso salientar que a parte emotiva é uma carta que se joga alto numa recuperação e, muitas vezes, vamos para o buraco, sentimos que não somos capazes.
·         Sempre quis andar no mundo.
·         Eu sou muito sonhadora. Gosto de fadas, isso já diz tudo.
·         Muitas vezes, a realidade não se coaduna com os sonhos e daí vêm as desilusões.
·         Consigo fazer castelos no ar. Lembro-me de ser criança e de construir histórias na minha cabeça, histórias onde eu podia ser qualquer personagem.
·         Gosto de mimo. Ainda hoje. E creio que todos os seres gostam, mesmo os que são mais retraídos. Não concebo o mimar como algo de prejudicial. É bom. Torna-nos mais aptos para estar atento ao outro. Permite-nos ser capaz de viver essa maravilha que é conjugar devidamente o verbo amar. Para amar é preciso apreciar a vida e, com altos e baixos, como todos (…)
·         (…) se eu consegui, outras pessoas conseguirão. Sei que perdi muitas coisas e que há tanto que a vida ainda me trará, surpresas, picos de alegria e de tristeza, emoções mais fortes. Posso, contudo, voltar atrás e ver como é possível ser uma sobrevivente com capacidade para enfrentar, seja o que for.
·         Ficar sozinha significava algo que não consigo explicar, como se tudo começasse a comprimir-me, o ar a faltar, a impossibilidade de ver a luz ao fundo do túnel. Ficar sozinha era uma impossibilidade. Só a palavra “sozinha” era passível de me assustar. Não, sozinha não é possível sobreviver a nada. Ter alguém por perto foi essencial durante muito tempo. E, felizmente, nunca me senti abandonada.
·         Dar mimo aconchega a alma, faz-nos sentir bem, permite-nos ser feliz por dentro. A reciprocidade desse gesto é fundamental para a existência.
·         Tudo o que tinha por garantido, deixou de existir.
·         Não saber o que se passa connosco e sentir que não estamos bem é sempre um desconforto.
·         Pedir ajuda é uma característica humana. Há quem tenha muita dificuldade em fazê-lo. Não é o meu caso. Falo dos meus receios e das minhas expectativas e de tudo o que me passa pela cabeça.
·         Tantas coisas que me aconteceram – e acontecem a outros – que só quem as viveu é que pode dizer qual é a sensação.
·         Aos poucos, um dia de cada vez, a vida avança.
·         O espelho mostra-nos os erros, onde podemos ir e não fomos. Podemos sempre fazer melhor.
·         Não vale a pena ter qualquer forma de arrependimento ou um sentimento de infelicidade associado ao que aconteceu.
·         Nada nos é dado de bandeja e eu não nasci num berço de ouro, pese o facto dos meus pais terem feito todos os possíveis para que nada nos faltasse.
·         A dança não se perde na cabeça, mas perde-se no corpo.
·         Costumo dizer que ser bailarina é ser a primeira a chegar, a última a sair e a última ainda a receber seja que cachet for.
·         Na minha cabeça, continuar teria sido ir para o mar alto com um barco furado.

·         Todas as experiências são uma lição.
·         Preciso e gosto de fazer coisas. Nem todas as pessoas são assim. Eu sou e sempre fui: pensar, criar, estar em movimento, tudo isso me ajuda a ser o que sou. Gosto de criar mundos desde pequena.
·         Voltar aquele apartamento é que não está nos meus planos. É como aquelas pessoas que tiveram um acidente de carro. Não voltam àquele volante, pois não? Têm medo de passar na mesma estrada.
·         Ser sonhadora não significa ser cabeça no ar.
·         Tantas vezes que procuramos controlar, dominar, agarrar as rédeas da vida, quando a vida só nos pede para deitarmos a toalha ao tapete e respirar fundo. As lágrimas surgem-me com facilidade, comovo-me. Fico sem saber o que dizer, o que fazer, fico sem jeito. Depois, há uma força que me impele para voltar à tona da água e tudo continua, porque o relógio que não tem sentido na unidade de queimados, é agora obrigatório e obedece a uma lógica que gere a vida de todos nós.
·         Acredito que podemos dobrar regras, virar do avesso o estabelecido e procurar novas visões.
·         Mesmo as asas mais pequenas, podem aguentar voos prolongados.
·         Pergunto-me se agradecemos o que temos as vezes que deveríamos. Provavelmente, andamos entretidos com as coisas da vida e não reparamos em minudências que podem encher a alma, aquecer o coração mais amargo ou amargurado.
·         O Facebook é um café virtual muito intenso e invasivo.
·         Sou uma pessoa de pessoas.
·         Não posso dar o que não tenho para dar.
·         (…) gostaria de voltar a esta noção de que a precaridade da vida, as voltas que dá, os sobressaltos que estragam os nossos planos são essenciais de entender como lições de vida sérias. Não vale a pena contarmos com nada. Apenas com o amor de quem nos ama. De resto, a vida pode ser hoje feita em determinados termos e amanhã em outros completamente distintos. Hoje estamos cá, amanhã podemos não estar. O que é que isto significa? O que é que devemos valorizar? Não tenho qualquer dúvida sobre isso: temos de dar importância e valorizar – ou melhor, sobrevalorizar – as pessoas boas que se cruzam na nossa vida. Tratá-las com carinho e procurar compreender o que os dias nos trazem. Porque todos os dias são diferentes.
·         Quando nos sentimos bem connosco, estamos melhor com os outros.
·         Quando a brisa ligeira me apanha sinto que sou, de novo, uma criança a rodopiar. Aprecio estes pequenos acontecimentos de vida. Tanto faz se a vida podia ter sido de uma forma totalmente distinta, estou em movimento e isso sabe bem.
·         Sou verdadeira no sentir. Quando gosto, gosto mesmo, com o coração e cabeça. A empatia com o outro também é essa capacidade de dádiva.
·         Todas as pessoas dizem coisas sobre a vida dos outros. Até eu, efabular, congeminar é humano.
·         Tudo se pode dizer ou escrever.
·         Viver a vida dos outros parece mais interessante.
·         Se a solução de vida de alguém passa pela morte, não acho que possamos ser juízes em causa alheia. Não faz qualquer sentido. A escolha da pessoa é válida e não tenho de criticar quem o fez ou fará.
·         E o dinheiro, já se sabe, faz andar o mundo.
·         Quando falam de nós e colocam palavras na nossa boca ou inventam acções relativas à nossa vida, não é possível ficar impune. Magoa. Dói verdadeiramente até as lágrimas nos enchem os olhos.
·         Fiquei com o meu pequeno mundo de cabeça para baixo. Tinha a vida tão estruturada e tudo se transformou. Nunca mais farei planos para a vida, sei que é um cliché, mas é minha realidade, a minha opção depois da experiência que vivi.
·         Há pessoas que se interrogam sobre mim e a minha vida mais do que eu.
·         O amor que me possa acontecer terá de surgir com naturalidade. Terá de ser belo e, preferencialmente, cheio de encanto.
·         (…) sempre que somos confrontados com uma mentira é um aborrecimento, um tormento, uma raiva de impotência.
·         Gostar do que estou a fazer é importante, não consigo saborear e ver a beleza da vida de outra forma.
·         Seja como for, o que mais importa é estar cá. É respirar, como disse no início, passear e estar com as pessoas que amo. Tudo o que tinha por garantido é, afinal, efémero e frágil.
·         Esta experiência não a desejo a ninguém e tão pouco a quero reviver, não querendo com isto dizer que a pretendo esquecer: nada que se assemelhe, a minha memória desta vivência é mais uma impressão digital no meu corpo, na minha vida, no meu caminho.
·         Se eu consegui sobreviver, outra pessoa também consegue, é o testemunho motivador que posso dar.
·         Todos temos que crescer, fazer o caminho que nos está destinado, bater com o nariz no chão, aprender a levantarmo-nos de novo – ou reaprender a andar – e na intimidade conseguir viver o amor incondicional.
·         Fazer àquele que desconhecemos aquilo que queremos para nós nem sempre é possível. Não sou perfeita. Há pessoas que vivem para ajudar o próximo. Eu ajudo quando posso e sempre que posso.
·         A vida é construída por peças como um puzzle. Existem inúmeras pessoas que cruzam no nosso caminho e para quem não olhamos. Existem ainda situações que nem imaginamos, vimos nos filmes, ouvimos contar. Quando algo sucede em nós, dentro de nós e na nossa casa, o mundo vira-se do avesso. Nessas alturas, usando uma expressão popular, o trigo separa-se do joio e ficamos a saber quem faz parte da nossa matilha e quem é alheio e nos quer mal.
·         (…) a amizade pode ser a maior bóia de salvação que existe.
·         Imaginem que a vida é um circo e que somos malabaristas no fio do arame com várias bolas na mão. Conseguem imaginar? Pois então, a família e os amigos são isso. Uma rede incrível, mesmo debaixo dos nossos pés, sempre presente, sempre constante, de uma solidez à prova de qualquer provocação da vida.
·         É preciso saber estar atento e encarar a realidade sem ilusões ou expectativas impossíveis de concretizar, desta feita para compreender o que estamos a perder, o que é realmente importante e o que não tem qualquer importância.
·         Há uma frase que sempre me fez sorrir: a vida é um acidente quase a acontecer. O meu aconteceu.
·         Quem nos traz ao colo sofre sempre connosco. O melhor e o pior.
·         (…) perante uma adversidade quase fatal, é sempre possível ver e encarar o mundo de uma outra maneira.
·         Sabe Deus – ou o Universo, como queiram – que ter um objectivo é essencial para nos mantermos saudáveis, no trilho certo.
·         (…) a vida era um plano que eu desenhava na minha cabeça e que tinha um objectivo: ser alguém.
·         (…) é idiota, simplesmente idiota fazer planos. A vida troca-nos a vida. E nós podemos ir a jogo e trocar as voltas à vida, à fatalidade de algo e, mesmo com cerca de noventa por cento do corpo queimado, voltar a ver a luz do dia, manter um sorriso, agradecer estar aqui e ter visto como tantos, em tantos locais distintos, torcerem por mim.
·         De momento, sorrir é uma parte importante da minha vida. Sorriam também. Sorrir dá-nos anos de vida, diz um ditado chinês. Sorrimos então, todos juntos nesta aventura que é a vida. Sorrimos à espera do próximo capítulo.
·         Assim, compreenderão, decerto, como o amor incondicional se pode reflectir de várias formas, como estar acompanhada pode ser um abraço salvador.

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