O
Natal aproxima-se. Cada minuto que passa, e que gasto a escrever cada linha, é
menos um para o último segundo. Até que por fim chega a noite tão conhecida e
tão mágica. Talvez a noite mais bonita, mais alegre e mais mágica. A noite da
consoada. A família à mesa, os sorrisos, a felicidade, a convivência, a
alegria, e claro os típicos petiscos natalícios. As conversas simultâneas, que
se vão tendo à mesa remetem para os variados assuntos, na maior parte,
problemas do quotidiano e do ano que está também prestes a chegar ao fim. Estou
sentado, observo cada gesto, cada olhar, cada palavra dita em silêncio. Olho
para a árvore de Natal, recheada de presentes. Nem sinto, sequer uma mínima
vontade de saber qual é a minha prenda. Não me interessa o que está por detrás
do embrulho natalício, com pinheirinhos com neve e uns bonecos coloridos.
Altura de reflectir, e de perceber (também já tenho idade para isso), que o
Natal, não são só as prendas. Na verdade, o Natal (que desde miúdo, é a época
do ano, que eu mais amo. Quando era catraio, adorava abrir as prendas, muitas
vezes, durante a noite anterior, ia à socapa até à árvore, e fazia um
buraquinho nas minhas prendas para as ver), é mais que prendas. Muito mais.
Para mim é altura, de estar com a família, sonhar com uma prenda que nunca vou
receber, imaginar-me num lugar diferente, talvez numa cidade longe desta, onde
a neve seja o cenário, a lareira a aquecer a família, música animada e claro,
antes de prendas, FELICIDADE. Porque é um bem cada vez mais escasso, mas ao
mesmo tempo o mais procurado, e por vezes vai parar às mãos das pessoas
erradas. Antes de querer prendas, uma simples lembrança, quero felicidade.
Quero atenção, amor e carinho. Quero concretizar nem que seja o meu sonho mais
pequeno. Quero ter coragem, força, empenho e dedicação, em tudo o que resolver
fazer. Quero amar, a minha família e os meus amigos, dar-lhes o meu melhor, e
receber claro está, o melhor deles também. Quero dar-me por inteiro ao que mais
gosto: à escrita. Quero ver sorrisos, felicidade, alegria nos meus dias. Quero
esquecer-te. Sim, esta seria a melhor prenda. Talvez a única, que me faça
conseguir conquistar, as restantes. Natal, época da esperança e eu, perdi-a,
durante todo este ano, fui abaixo inúmeras vezes, deixei-me levar pelo
fracasso, pelas sucessões de azar, e sobretudo pela solidão que se entranhou
nos meus dias, e pelo medo que me congelou o sangue. Natal época de alegria,
talvez sem me dar conta, a cada dia que passa a esteja a recuperar, depois do
que se sucedeu à uns meses atrás. Foste a minha maior miragem, e a minha maior
queda. Viajei tão alto, que nem me apercebi, que a altura era tanta, e que não
havia forma de descer, não havia escanda. Caí. Estatelei-me todo no chão.
Sangrei. Sofri. E chorei muito. Sozinho, tudo sozinho. Não me queixei a
ninguém. Sofri sozinho tudo o que tinha para sofrer. Talvez me tenha fechado.
Talvez não seja a mesma pessoa de à uns tempos atrás, mas as pessoas mudam, e
eu mudei. Cresci e evoluí enquanto ser Humano. Mas quero mais, muito mais. E no
embrulho, que está debaixo da minha árvore, é demasiado pequeno para tudo o que
quero. Prendas? Não as quero. Quero apenas paz. Ser feliz. E que pelo menos uma
vez na vida, a sorte bata à minha porta, e deixe de ser um excluído e passe a
ser mais que um mero alguém, de quem ninguém se lembra, nem para dizer
"Bom dia": Natal, época de analisar, de projectar, e de prosseguir,
porque as pessoas mudam, as coisas dão errado, merda acontece, mas a vida
continua, por vezes, sem esperança, sem amor, sem glória, sem final feliz.
Este sou eu, e estas as minhas palavras. Parte daquilo que fui, parte daquilo que sou, necessariamente parte do que serei... Sejam bem-vindos ao meu pequeno mundo de sonhos e contradições... Para ti, este Blogue, um dia será a prova que tu poderás dar a toda a gente, que tiveste alguém que te amou incondicionalmente. PÁGINA FACEBOOK: https://www.facebook.com/pages/Autor-da-Minha-Hist%C3%B3ria/352657488156512
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Adorei este texto!! Parabéns, obrigada por escreveres algo tão lindo sobre o Natal!!
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