É inevitável quando nos
apaixonamos por alguém não viver num constante faz-de-conta. Ora fantasiamos
com o impossível, ora criamos ilusões numa tentativa desesperada de fugir à
realidade, ora teimamos em acreditar que as coisas se tornarão diferentes com o
passar do tempo. Mas o tempo passa, e nós vamos percebendo que nada ou muita
pouca coisa muda. E o que muda, às vezes, nem era necessário mudar. Mas é assim
o amor, um faz-de-conta implacável. Um misto de ilusão, miragem e teimosia em
perseguir um ideal de amor que não é o mais certo na nossa vida.
Vivi num faz-de-conta durante
quase seis anos. Um faz-de-conta que não te amo, um faz-de-conta que acredito
nas mentiras, um faz-de-conta que perdoo mas não esqueço, um faz-de-conta que
iríamos ser felizes para sempre, um faz-de-conta de que o mundo ia girar, e nos
ia levar ao encontro de um final feliz. Um faz-de-conta de que me amavas mesmo
com todas as desatenções e provas inequívocas de desamor. Um faz-de-conta de
que apesar de andares com outras pessoas, era eu quem tu amavas com todo o teu
coração e de verdade. Um faz-de-conta perfeito mas literalmente fora da
realidade.
Não me culpo por viver num
faz-de-conta. Os sentimentos são o nosso motor. São eles que nos guiam pelas
indecifráveis estradas das emoções.
Posso ter vivido neste
faz-de-conta mas ao menos no meio de toda esta encenação, a única verdade, foi
a de que pelo menos eu te amei. Amei e gostei de amar. E quem alguma vez amou
de verdade entende o que eu quero dizer com isto. É que amar, embora traga
sofrimento, também trás consigo muitas descobertas, muitas emoções, muitos
sentimentos bons. Faz-nos sentir leves, saber ser feliz com um único sorriso,
uma única palavra, um único gesto de carinho. E isso é bom. É real. É assim.
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