Estava a tentar dar
continuidade ao livro que já comecei a escrever à cerca de um ano atrás com a
nossa história, decidi parar porque me começou a doer o peito. Escrever a nossa
historia agora pareceu-me uma completa perda de tempo. Para quê perder mais o meu
tempo a pensar e a escrever para quem nunca se interessou por mim? Às vezes
penso que o meu amor por ti já pode ter virado para outro sentimento, que
ninguém sabe designar. Não é normal pensar em ti todos os dias da minha vida,
não é normal tu percorreres o meu pensamento todos os segundos. Não é normal.
Não pode ser real o amor aguentar tanta dor, mágoa e desilusão. Não é possível.
O meu peito contrai-se quando
penso em ti, olho em redor e vejo a realidade em que vivo. Tudo tão diferente
daquilo que eu tinha imaginado por mim. Mas a realidade do presente é sempre
diferente daquilo que imaginamos e planeamos no passado. Se não é sempre, é
quase sempre. E então quando viemos do passado embrulhados em ilusões, utopias
e fantasias, e nos defrontamos com esta realidade, é assustador e muito triste.
É um choque. E eu vivo em choque permanente!
O amor é similar à história de
uma floresta: plantar agora para poder obter os frutos no futuro. O pior é que
eu plantei amor numa terra que é infértil e seca. Uma terra que por muita
semente e adubo que leve nunca irá dar frutos de nada. Haverá sempre um
temporal que destruirá toda a plantação. E é triste eu viver numa história
assim. Porque eu só desejava amar e ser amado. Desejava ter amor e dar amor. E
nesta história só eu dei, só eu trabalhei, só eu semeei amor.
Qualquer coisa que seja sobre
ti e que eu saiba dói-me. Dói-me ver fotografias tuas com amigos que nunca
fizeram nem metade do que eu fiz por ti, e terem o valor e o reconhecimento que
eu nunca tive. Dói-me ver que seguiste a tua vida, que para ti é fácil viver
sem me falar, que para ti tudo é simples, fácil, e real. Dói-me doer-me o
peito, a alma, o coração. Dói-me o corpo, a cabeça, dói-me a vida.
Imagina uma ferida daquelas que
custam a curar e cada vez que te tocam nela tu sangras facilmente. Eu sinto-me
essa ferida. Eu sinto-me assim. Eu sangro todos os dias. E viver assim dói, e
eu tenho feito o meu melhor todos os dias para sobreviver assim. E vou
sorrindo, vou brincando, vou andando… mas ir andando não é viver. Sorrir não é
ser feliz. Brincar não é estar bem.
Quem me dera eu viver das tuas
certezas. Porque eu sei que tu sabes que eu sou uma das poucas coisas seguras e
intactas da tua vida. Eu sei que tu sabes que no dia em que te apetecer fugir
ou voltar, tu sabes que os meus braços estarão sempre abertos para te proteger
e abrigar. Eu sou a única certeza da tua vida, e tu sabes disso. E talvez seja
por isso que tu te afastas de mim. Porque tu sabes que quando quiseres voltar,
eu estarei sempre no lugar onde me deixaste, ainda e sempre à tua espera. Pode
estar errado, mas é assim que acontece. E não devia acontecer, eu sei. Mas há
histórias e pessoas assim: que vivem a vida inteira à espera de serem
reconhecidos pelo seu valor, esforço, dedicação e empenho. Uns conseguem
atingir esse objectivo. Outros morrem sem conseguirem.
Hoje eu sei qual é a realidade.
Sei que não me amas. Mas nem isso me faz conseguir viver de outra maneira. Vivo
sempre preso, a quem voa sem mim!
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