Recentemente partilhei no meu Facebook esta frase, cuja
autora é Margarida Rebelo Pinto, - umas das minhas escritoras preferidas –: “Do
que eu tenho mais saudades é de acordar e não pensar em nada”. Eu sinto saudade
disso e da minha vida pacata e tranquila que levava antes do meu caminho se cruzar
com o teu. Sinto saudade de não me sentir preso, sinto saudades de acordar
abrir a janela e sentir-me em paz comigo mesmo. Sinto saudades de acordar e
adormecer sem pensar em nada nem em ninguém. Sinto saudade de mim antes de te
conhecer. Sinto saudade da arritmia desacelerada do meu coração. Sinto saudades
de não chorar. Sinto saudades de não me lamentar todos os dias pelo que não
tenho e de não conseguir agradecer aquilo que vou tendo. Sinto saudades do ar
leve e fresco que inalava antes de te conhecer. Sinto falta da calma, da paz,
da serenidade que tinha eu e a minha vida antes de o destino te colocar no meu
caminho. Sinto falta de me sentir bem comigo mesmo. Sinto falta de brincar e
sorrir sem ter que me forçar a isso. Sinto falta de rir, correr pelos campos de
braços abertos, caminhar e ouvir musica sem me lembrar de ti. Sinto falta de
ter a mente e os pensamentos vazios. Sinto falta do meu peito sereno e seguro.
Sinto falta de me sentir livre, de me sentir solto, de me sentir completo
comigo mesmo. Sinto falta de tudo o que fui e de tudo o que vivi antes de ti.
Desde que entraste na minha vida tudo isto deixou de existir.
Passei a viver e a sentir tudo da maneira oposta. E sinto que há em mim uma
força que quer que eu te esqueça – ou simplesmente deixe de gostar de ti –, mas
ao mesmo tempo eu não sei o que é suposto eu fazer. Como se esquece alguém?
Ninguém sabe… mas eu sinto-me obrigado a fazê-lo, mas sem saber fazer. É
estranho, mas é assim que me sinto. Para esquecer alguém não basta não visitar
a página de facebook, de não passar pelas mesmas ruas e lugares, ou
simplesmente não enviar mais mensagens escritas. É preciso muito mais do que
isso. Mas eu também não sei o que tenha que fazer mais, se só isto que já faço
me sufoca, me esmaga, me destrói, me corrói o peito e o coração a todos os
segundos de existência. E custa-me viver com este peso. Saber que tenho que
esquecer, sem saber esquecer! Eu não sei o que é suposto ser feito, ser dito,
ser vivido. Não sei. Mas sei que tenho que fazer alguma coisa. Mas o quê? Dar
tempo ao tempo já não resulta. Não ir à página do Facebook, também não é
suficiente. Não mandar mensagens também não me leva a lado nenhum, só me
provoca mais agonia. Evitar cruzar-me contigo, também não altera nada. Continuo
sempre a gostar de ti. E eu pergunto-me como é que isso é possível? Mas nem
essa pergunta tem resposta!
Só sei que me sinto cansado de tudo isto, e de sentir isto,
de viver isto, de ter perdido anos nisto. Mas mesmo cansado, não sei como mudar
isto. Sinto-me estagnado, pregado a um muro sem ter a possibilidade de me
mover. Sinto-me preso. Sinto que perdi as rédeas da minha vida e dos meus
sentimentos. Sinto que este amor se tornou um fardo na minha existência e que o
peso dele já não cabe nos meus ombros. O meu corpo já não o suporta. E mesmo
querendo mudar, não consigo fazer nada porque não sei o que é suposto eu fazer
mais…
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