Escrevi-te uma vez que: ‘“toda
a riqueza que eu possuo, não vale de nada, sem ti. Mais do que um diamante, eu
quero-te a ti.”. Penso nesta frase enquanto ouço a chuva cair. Desde pequeno
que gosto de ouvir os pingos da chuva a caírem no meu terraço. Enquanto olho
para a paisagem que reflecte o Outono, penso que a cada dia que passa a
distância entre nós está a aumentar. Chegar ao fim de cada dia sem ti, é triste
mas ao mesmo tempo já me conformei. Gostava que tudo que escrevo chegasse a ti,
porque te amo muito. E para mim amar-te, é amar-te bem. Amar bem é amar com paciência, com
compreensão, amar-te é lidar com a desilusão. Amar aceitando os teus defeitos,
que é no fundo o mais difícil. Amar é ter que dar a cara. É deixar de ser
volúvel. É permitirmo-nos a ser vulneráveis. É correr atrás, discutir, lutar
com unhas e dentes. Amor também acaba, mas às vezes isso só depende de nós.
O amor é dificil. É dificil amar uma pessoa. Mas amar uma
pessoa é ao mesmo tempo um grande desafio. Como já escrevi uma vez ‘apaixonei-me
por ti sem esperar apaixonar-me’. Depois justifiquei com aquela minha frase que
no fundo é a mais pura realidade existente na vida de todos nós: ‘quando uma
pessoa entra na nossa vida, nós nunca imaginamos o que ela se pode vir a tornar
para nós. Tu achas que ela vai ser apenas mais uma com quem te relacionas, que
integras no teu núcleo de amigos, mas aí, do nada e sem sequer esperares, ela
vira o teu mundo’. E tu viraste o meu mundo. Tornaste-te na única pessoa que me
fez mudar. E o amor é mesmo assim. Quando dás por ti, já só aquela pessoa
importa, já só com ela respiras levemente, já só com ela imaginas o futuro. É
como se tudo ao redor deixasse de existir. Olhas por segundos para aquela
pessoa, e está ali tudo aquilo que sempre quiseste para a tua vida. Era assim
que eu me sentia quando olhava para ti. Via o meu mundo inteiro. Aliás, quando
nos sentávamos naquele banco amarelo, onde iam passando algumas pessoas, eu não
via nada à volta. Estar contigo era ter o mundo. Estar contigo era ser feliz.
Estar contigo era sobrevoar sob outra realidade. Imigrar para outro universo.
Permanecer nas nuvens. Foste a pessoa a quem mais e melhor dei de mim. Até
porque amar também é isto: darmos o nosso melhor, e fazer tudo o que estiver ao
nosso alcance para que a outra pessoa se sinta bem ao nosso lado. Esforcei-me.
Mas talvez, as discussões te tenham afastado para sempre.
Escrevo-te porque não quero que te esqueças de mim. Já chega
a tua ausência e as provas de desamor que me foste dando ao longo do tempo.
Quero que te recordes de mim. Do rapaz que discutia e fazia filmes. Do rapaz
que tinha ciúmes. Do rapaz que não queria estar contigo, quando no fundo a sua
verdadeira vontade, era estar acolhido nos teus braços. Nunca tive medo do meu
amor por ti. Tinha mais medo de ti. Das tuas dúvidas. Dos teus medos. Das tuas
atitudes. Quando me apercebi que estava apaixonado, e que feliz ou
infelizmente, não dava para voltar para trás, aceitei este amor. Aceitei-o,
porque não há nada melhor que amarmos verdadeiramente alguém. O nosso coração
ganha vida, ganha felicidade. Somos felizes até com nada. Deve ser por isso que
o amor é tudo.
Causaste-me muita dor e sofrimento, mas também foi contigo
que passei os melhores momentos da minha vida. E é por esses momentos que ainda
te escrevo, e porque acredito que por muito que não queiras, dentro de ti,
dentro do teu coração – aquele que já dizeste que era só meu –, eu estarei
sempre. Podes não querer, mas acredito que te lembres de mim, nem que seja por
um segundo. Acredito que por te ser tão “indiferente” depois de tudo o que já
vivemos juntos, essa indiferença é uma máscara que tu usas para te convenceres
que eu não sou nem signifiquei nada na tua vida nem para ti.
‘Onde é que jogas? Entras em campo ou não? Com o equipamento
ou não? Com a braçadeira de capitã ou não? Quando entras numa relação, ao fim
de uns meses tens que saber para onde é que aquilo vai. Se funciona, se não
funciona, porque funciona ou porque não funciona’, escrevi uma vez. Acho que
sempre soube para onde é que nós iamos. Sabia. Sempre soube que me ias virar
costas e ir embora. Sabia. Sentia. E depois, passados meses, tu voltavas e eu
aceitava o teu regresso, mesmo sabendo que quem vai embora sem motivos não
merece voltar com desculpas, mas o amor é isto mesmo: perdoar quando o
arrependimento é verdadeiro, aceitar que erramos e que não somos perfeitos. E,
é por isso, que afinal nós os dois fazemos todo o sentido juntos, porque
podemos os dois provar que apesar das diferenças, das imperfeições podemos
viver uma história feliz. Podemos ser felizes. Quer dizer, podiamos. Agora
estas longe demais para isso. Viraste costas e mataste todos os sentimentos.
Assassinaste a nossa história, e para ti ela até já está enterrada. Mas,
durante as madrugadas, quando chego a casa, ao fim de cada dia, sento-me e faço
aquilo que mais gosto. Escrever-te. Porque mesmo distante, escrever-te é
fazer-te presente. Não porque acredite que me ames, mas porque acredito que
amor como aquele que senti por ti – e apesar de acreditar que se pode amar
várias vezes na vida – só senti por ti. Sabes a única certeza que possuo agora
é que independentemente de tudo o que ainda possa acontecer, e de tudo o que já
aconteceu, eu irei sempre lembrar-me de ti. Nunca me serás indiferente. Cada
vez que ouvir o teu nome, já sei como vai ser. Cada vez que te vir, já sei como
me vou sentir. Cada vez que estiver com quem está perto de ti, já sei como vou
agir.
Agora, vou deitar-me, e esperar pelo amanhã. Quero só
dizer-te que já não sofro por ti. E sofrer, refiro-me a chorar e a lamentar-me
a todos os segundos do meu dia por não estares aqui comigo. Acredito no
destino. E acredito que ele tem um desfecho feliz para mim. Mereço muito ser
feliz. E tu sabes disso.
Até amanhã,
meu amor.
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