Se é verdade que só amamos verdadeiramente uma única vez na
vida, poderei com toda a certeza dizer que já esgotei essa oportunidade, após o
dia em que te conheci. Não posso ser cínico, e dizer que nunca mais irei amar
outra pessoa, que com o passar do tempo o meu coração continue a abrigar-te,
pois nada dura para sempre. Mas, sei e sinto, que a nossa história me marcou,
me mudou, transformou-me noutra pessoa. E não é fácil. Nada fácil. Sinto-me
muito revoltado, magoado e desiludido. Sinto-me perdido, quase sem forças, a
caminhar num caminho que ainda não sei bem qual é. E não é fácil dizer adeus,
acabar com tudo, fechar os olhos e sentir os olhos vazios sem a presença de
qualquer lágrima, nem é tão fácil como se julga romper com os sonhos, planos e
ilusões. Tudo depende do nosso querer, é uma verdade. Mas a luta interna é
difícil de combater. Ora o coração comanda, ora a mente comanda… e nós ficamos
ali naquele balanço: hoje comando eu, amanhã comandas tu…
A maior infelicidade
de um ser humano, é quando o coração e a mente caminham em direcções diferentes
e não lutam pelo mesmo objectivo. Mas, apesar de todo o sofrimento, das
lágrimas que passam pelo meu rosto diariamente, e mesmo que elas não se
libertem dos olhos, ficam lá retidas para amanhã, eu sinto-me satisfeito e
contente comigo. Daqui a muitos anos, poderei contar a minha história, poderei
dizer como foi a minha primeira grande história de amor, aquela que me roubou
os dias, os sonhos, as noites, tudo e mais alguma coisa… Daqui a muitos anos,
quando alguém me perguntar o que é o amor ou amar alguém, mesmo que eu não
responda, vão conseguir ler essa mesma resposta nos meus olhos brilhantes, que
morrem a cada dia um pouquinho mais. E não é fácil saberes que a pessoa por quem
choras, sorri, caminha alegremente ao lado de outra pessoa, que aprendeu a
ultrapassar os obstáculos e que depois de muitas vezes te ter dito: “não
consigo viver sem ti”, aprendeu. Até porque as pessoas são sempre assim: dizem
que não vivem sem ti, mas depois aprendem. E eu, estou a aprender. Lentamente.
Sem nada agendado, sem esperar o amanhã. Vivendo um dia de cada vez, sem sequer
esperar o próximo. E vivo feliz, porque tenho uma história de amor para contar,
e feliz por saber que o meu coração abunda amor e que apesar de todas as feridas
vive a amar todos os dias, uma pessoa que já nem sequer faz parte deles…
Sou feliz, porque
amei, porque amo, porque amarei… porque apesar das mágoas, das desilusões, dos
falsos arrependimentos e das promessas nunca cumpridas, e sobretudo pela tua
indiferença que é a pior prova de desamor, eu continuo a amar, o amor está
sempre lá, e é esse mesmo amor que me move, que me dá forças para o hoje e o
amanhã, o mesmo amor que me inspira, que pode ser o meu maior veneno, mas é
também a minha maior aprendizagem… é dúbio, sim eu sei, mas é essencial. Sem
este amor, eu não sobreviveria a todas estas tempestades e vendavais, ao adeus,
ao final definitivo, à certeza do nunca mais. Sem este amor, eu não tinha nada
para contar, seria uma pessoa vazia por dentro, e talvez, quem sabe, por fora
também. Sem este amor, não vivia, e não tinha talvez uma vida tão rica em
sentimentos. E talvez, aos olhos do mundo, e até mesmo aos teus, este amor não
sirva de nada, mas nos dias em que estou no charco, em que as forças não
existem para me reerguer, em que só me apetece ficar deitado na cama a ver a
vida passar, basta-me lembrar do teu sorriso, da forma tímida como pronunciavas
cada “amo-te”, da maneira rude como me tratavas, ou até mesmo, da pessoa que um
dia mais me completou e mais me fez feliz.
Agora, podes não me
dar mais nada. Mas felizmente, não podes tirar-me o que me deste! E acredita
que deste muito. Deste-me este amor que carrego no meu peito, que me torna
infeliz e me causa um sofrimento inimaginável, mas é este amor e todas as
lembranças que me fazem ter a coragem e dedicação para ir com a vida em frente,
a um passo de caracol, que é para não cair outra vez. Porque sei bem como sou.
Demoro imenso tempo a levantar-me e muito tempo a habituar-me às mudanças. Mas
por mais que a vida tenha sido “madrasta” para mim, quando entraste na minha
vida e a transformaste, a verdade é que hoje, eu não seria tão completo e tão
vazio, eu não seria tão conhecedor do amor, mesmo sem o ter ao meu lado… É tudo
muito confuso, mas eu habituei-me a viver neste caos, e sei que um dia tudo vai
acabar, mas até lá… agarro-me a este amor com a intensidade de um furacão e
deixo-me levar, até porque, infelizmente, não há nada que eu possa fazer, para
combater o destino e a vida. E apesar de me achar uma pessoa forte, aprendi
que, até mesmo os mais fortes, um dia caem…
Este texto, relata os meus sentimentos… são palavras saídas
directamente do meu coração para a folha do papel, e, ninguém conseguirá
entende-las tão bem quanto eu… e a lágrima que hoje está aqui no canto do olho,
à noite cairá sobre a minha almofada e os gemidos da dor, da saudade, mas
principalmente da intensa revolta interior e com a vida que tenho, ocuparão o
lugar do silêncio existente a cada dia mais entre nós.
Do meu coração
Até amanhã,
meu amor.
.lindooo
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