Sinto-me
vazio, sem vontades, sem verdades, vivendo à mercê dos dias que vão passando.
Eu tenho feito de tudo para não pensar, não saber nada, não buscar nada que te
diga respeito, mas há dias – como o de hoje – que caio. Caio porque as saudades
e a decepção me atropelam. Caio porque só Deus sabe o martírio que são os meus
dias longe de ti. Caio porque ninguém pode imaginar o quanto me dói saber que
estás feliz sem mim. Mas, apesar de toda esta dor, eu continuo a querer que
sejas muito feliz. Sou incapaz de te desejar mal. Dizem que os corações que
abrigam ódio e mágoas tornam-se corações pobres, áridos e tristes. Eu não quero
isso para o meu.
Já
passei por tanto nestes últimos anos. Posso considerar-me forte por isso. De ti
já aguentei de tudo. Mentiras, falsas promessas, falsos arrependimentos,
desprezos, ignorações, por ti já passei uma das dores mais terríveis que se
pode sentir: o facto de saber que a pessoa que mais amamos, por quem
arriscaríamos a vida se entregou a outras pessoas. Mesmo o coração doendo já te
consolei enquanto choravas e te lamentavas por outra pessoa. Já te ajudei a
tentar reatar com “o grande amor da tua vida”. E sabes o que é mais irónico?
Nada disto serviu para te deixar de amar. Ou alterar por pouco que seja os meus
sentimentos. Parece que o amor que sinto por ti criou raízes dentro de mim, e
eu não estou a conseguir cortá-las.
Perdi
tudo. Os meus sonhos. O meu bem-estar. A minha felicidade solitária. Perdi-me
de mim próprio. Tornei-me um desconhecido para mim mesmo. Será que alguém,
entende a veracidade que deposito nestas linhas? Será que alguém percebe isto
sem julgar ou criticar? “Devias esquecer. Passar para outra. Bla bla bla”.
Discursos lindos, e claro, até eu acho que devia fazer isso. Mas não é por
vontade que não consigo. Já cheguei ao ridículo de pedir para me apaixonar por
outra pessoa, podia sofrer por ela, só para não sofrer por ti! Já quis apaixonar-me
por outras pessoas. Já quis envolver-me com outras. Já me envolvi
esporadicamente com uma ou outra. Mas nada, nada muda dentro de mim. E, eu
sinto-me no limite, sem saber mais o que hei-de fazer da minha vida. Este amor
acorrentou-me, espezinhou-me, trapaceou-me, e eu estou aqui magoado, inerte,
estupidamente apaixonado, acalentando uma dor que me vai fazendo fraquejar, sem
saber mais o que possa dizer, escrever. Até porque nada disto muda nada. Nem a
escrita me consola. Nada.
Há
dias em que sou feliz. Mas o de hoje, não é um deles. Hoje fui-me abaixo, mas
sei que amanhã, já passou, por isso mesmo “hoje cais, amanhã derrubas”!
Até amanhã,
meu amor.
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