“Eu quero ser grande”, dizia
eu quando era um simples puto. Hoje, dava tudo para voltar a ser aquele puto que
era. Gostava de ter o tempo todo do mundo para brincar, jogar à bola no
recreio, ou então jogar às apanhadas. Gostava de voltar ao tempo em que passava
tardes inteiras a jogar às escondidas com os amigos de infância, onde fazia
birra se tivesse que ser eu a contar. Gostava de não ter preocupações, ou se as
tivesse, eram tão banais como saber onde está o meu brinquedo preferido.
Gostava de poder fazer aquelas birras no supermercado só porque queria uma bola
nova. Gostava que me pegassem ao colo ou me levassem pela mão, porque era
demasiado pequeno para poder encontrar o caminho sozinho. Hoje, olhando para
trás, vejo que a vida passou, que apesar de tudo, tenho uma boa vida. Eu
lembro-me dos jogos do quarto escuro em minha casa, lembro-me de jogar à
macaca, lembro-me dos dias da criança, lembro-me daquilo que não vai voltar
nunca, por mais que eu diga: “dava tudo para voltar a este momento”, eles nunca
mais voltam, ficaram só guardados na nossa memória e bem presentes no nosso
coração. E o puto que eu era, não é mais um rapaz que sou hoje. Reconheço as
minhas mudanças. Eu queria voltar atrás, e mudar tudo o que está errado.
Voltaria atrás para fazer as coisas serem diferentes. Voltaria atrás para
reviver todos os momentos inesquecíveis, mas, por mais voltas que dê o mundo, é
impossível regressar ao passado. É impossível voltar a ser criança.
Impossível voltar a ser quem já fui um dia…
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