Tenho
dito com alguma regularidade que o amor cria muita dependência nas pessoas.
Cria laços, cria ilusões, cria sonhos impossíveis e irrealizáveis. Contudo
chego à conclusão que as ilusões com o tempo evaporam-se, os sonhos mudam-se,
mas há certos laços que por mais que se tente, não se conseguem cortar. E sei
também que o laço da teimosia é aquele que mais perdura. Quantas e quantas
vezes, durante aquela história de amor, não tentamos inúmeras vezes mudar a
rota, mudar o final, mudar tudo e mais alguma coisa, para que essa mesma
história termine consoante a nossa vontade? Sempre, que acabamos, mas decidimos
recomeçar. Já tive inúmeras paixões ao longo da minha existência. Quase todas
platónicas. Mas houve uma que quase teve um fim diferente do das outras. E por
ter tanta vontade que desta vez fosse diferente, aceitava as voltas dessa
pessoa na minha vida, aceitava tudo porque era teimoso e acreditava que desta
vez ia ser diferente, e que era desta, que finalmente era escrito o final
feliz. Esqueci-me é que a realidade não é um livro de contos amorosos, muito
menos uma novela daquelas com o happy end, desenhado desde o ínicio. Por isso,
chego à conclusão que sofremos, muitas vezes, porque queremos. O óbvio está
sempre à nossa frente, ao nosso lado, está sempre visível, nós é que temos a
mania de fechar os olhos à realidade, a vaguear pelos sonhos. Depois vemos
sinais de amor em todo o lado, num olhar, numa palavra carinhosa, num abraço,
numa SMS, num “amo-te” muitas vezes forjado. Se estivéssemos com os olhos
abertos apenas e só à realidade, tenho a certeza, que não haveria tantos
corações despedaçados. Ao contrário do que se pensa, os corações não se colam
com super cola, quando se partem, demoram muito tempo a cicatrizar.
A teimosia é o mal maior, no meio de tantos
males. Se pararmos de ser teimosos, e cismar em ver coisas, onde mais cedo ou
mais tarde, se entende que nunca existiram e que tudo foi fruto da nossa
imaginação, poupamos muitas lágrimas e uns tantos dissabores. Mas sei que quem
ama de verdade, não consegue fugir a todos estes sentimentos. Quem ama de
verdade, fica burro, cego, imbecil, pateta e ridículo. Quem ama de verdade fica
ainda mais dependente da vontade do outro, da escolha do outro, do que o outro
quer. Quem ama de verdade, não tem vida própria, embora, certas personagens
julguem que sim. Quando se ama de verdade, duas pessoas deixam de ser “Eu” e
“Tu” e formam um “Nós”, ou seja, tornam-se num só. Quem ama realmente, luta,
entrega-se, chora, desespera-se, comete loucuras por quem ama e erra até à
intensidade, porque o amor é transparente e não mentiroso começa com a verdade
não tem nada oculto e principalmente mostra-se no que se dá. Quem ama sofre,
quem sofre sente, quem sente luta, quem luta vence!
E é desta forma, que todos amámos? Julgo que
não.
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