Pode suar-te a ridículo o que te vou
dizer, mas às vezes penso, que estou a pagar bem caro, pela felicidade que um
dia me proporcionaste. É como se eu não merecesse ter sido feliz contigo, e
agora esteja a pagar em dose dupla toda aquela felicidade. Não te vou mentir,
já passaram dois anos, e o sofrimento esse não existe, mas a saudade cresce a
cada dia, mesmo eu sabendo que a pessoa que amei (ou amo) já nem sequer existe
dentro desse corpo que vagueia pelas mesmas ruas de sempre, as mesmas ruas, que
um dia nos guiaram à felicidade. Será possível que tu não te recordes, nem por
um segundo de mim? Não signifiquei nada? Não te mostrei nada? Não te ensinei
nada? As nossas conversas e todos os meus medos, ciúmes e cenas de rebaixamento
não te fizeram entender a grandeza dos meus sentimentos? Eu não te mostrei, nem
por um segundo, o motivo pelo qual o meu coração batia e as pernas tremiam?
Nunca, em tempo algum, quando te conheci, julguei apaixonar-me desta forma.
Aconteceu tudo tão de repente, que nem sei bem como aconteceu. Quando dei por
mim, já me fazias falta a toda a hora, uns minutos depois de ter estado
contigo, só queria voltar para junto de ti, só te queria amar a todo instante e
dar-te provas do meu amor todos os dias da minha vida.
Também te pode parecer um exagero
quando te digo que quando finalmente tive a coragem e a capacidade de aceitar o
teu “adeus”, o meu corpo desfaleceu. Que chorei inconsolavelmente várias noites
e dias. Que perdi tudo o que tinha. Sentia-me como se não tivesse ar para
respirar, solo para caminhar e razão para viver. E depois disso, incapaz de me
mover, e tolhido pelo vazio e pela incapacidade de fazer fosse o que fosse por
mim, enclausurei-me no meu mundo. Bati com a porta a mim mesmo, por ser incapaz
de te dar com ela na cara, como me deste com a tua infindáveis vezes… Tudo o
que vivi até agora, foi uma longa trajectória, e acredita, perdi-me muitas
vezes durante o percurso. O meu castelo de cartas começava a desmoronar-se,
cada vez, que a saudade me corroía por dentro e me levava para os lençóis da
cama, que produziam o único calor que me abrigava nas noites gélidas do
Inverno.
Nunca foste capaz de entender a real
grandeza de todos estes sentimentos que vivem escondidos dentro de mim há anos!
Nunca soubeste ler o meu olhar, nunca percebeste a maneira nervosa com que
ficava quando te aproximavas… Nunca soubeste abrir os olhos para veres o que
estava à tua frente, ou se viste, preferiste pular para outro caminho. Pior de
tudo, não é ter-me apaixonado e sentir-me como se tivesse cometido um crime, o
pior mesmo, é andar num circulo à anos, sem qualquer intenção de o abandonar. É
fácil olhar para o futuro e imaginá-lo, mas o difícil é libertar-nos das
correntes que ainda nos prendem ao passado. Talvez não esteja a conseguir
prosseguir com a vida avante, porque talvez a nossa história não esteja tão bem
resolvida, como queres fazer parecer. Pelo menos da minha parte não está.
Porque sinto que ainda há muito por dizer, muito para mostrar, muito para te
confessar. Sei que o meu amor provavelmente não muda nada, mas as minhas
verdades e todo o sofrimento pelo que passei e a saudade inimaginável que ainda
hoje me acompanha, farão com que vejas que realmente pisas-te na bola comigo.
Eu não merecia nada do que me fizeste. A minha única intenção sempre foi ver-te
(fazer-te) feliz, e tu em troca, ofereces-me este sofrimento. Não é justo. E
talvez por isto eu tenha mudado, tenha ficado diferente. Revoltado.
Decepcionado. Desiludido. Triste. Solitário. Mas apesar de tudo, tornei-me num
caminhante sem destino e sei que, o passado já lá vai, que a viagem continua,
sem direcção, sem agenda, a viver cada dia sem pressa, sem mapa, como o vento
que sopra e ninguém sabe de onde vem, nem para onde vai…
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