‘Ei, tu. És tu mesmo. Eu sei
que tu amas alguém. Sei que tu pensas muito nessa pessoa, e tudo te faz lembrar
dela. Sei que quando tu olhas p’ro nada, é ela que vem à tua cabeça. É. Olhar
para o nada e pensar em tudo. Sei que tu já prometeste a ti mesmo que não irias
derrubar mais nenhuma lágrima por ela, mas acabaste por não cumprir. Eu sei que
a voz dessa pessoa te conforta, e o abraço dela é o melhor do mundo. Sei que tu
amas o cheiro dela, e poderias acordar todos os dias com esse cheiro ao teu
lado, a abraçar-te, com um sorriso sonolento a dizer-te: “ bom dia ”. Sei que
muitas músicas poderiam ser a banda sonora de vocês os dois. Eu sei que tu
pedes conselhos aos teus amigos, mas acabas por não seguir nenhum, porque
apesar de tudo tu ainda queres ter essa pessoa de volta. E tu não ligas, porque
queres viver tudo de novo. Eu sei que todas as noites tu te despedes dessa
pessoa nos teus pensamentos, mesmo na vontade de dizer “não te esqueças de
aparecer nos meus sonhos! ”, e aparece, porque é o que tu queres. Sei que essa
pessoa é idiota, insensível, complexa, complicada, mas tu não se importas,
porque é exactamente isso que te faz gostar mais e mais dela. Eu sei que em
cada linha deste texto, tu estavas com a mesma pessoa na cabeça. Porque só quem
já amou alguém de verdade sabe o quanto isso dói. E só por isso já é impossível
esquecer’, li.
E tu certamente sabes quem foi
a pessoa que me acompanhou o meu coração na leitura de cada linha deste texto.
Acompanhou o meu coração e não saiu-o da minha mente. Foste tu. O terrível amor
que não sai da minha mente nem do meu coração. Não sei se o amor que sinto por
ti se torna sorte ou azar para mim, até porque às vezes temos sorte, outras vezes, azar; às vezes somos nós que damos
pontapés na sorte e deixamos fugir aqueles que mais amávamos e nos faziam
felizes. Não sei se dei um pontapé na sorte cada vez que discuti contigo, ou me
recusei a ver-te, ou a partilhar momentos lado a lado contigo. Mas como te
disse há uma explicação para todas as minhas atitudes. Eu não conseguia estar
contigo, quando tu me dizias constantemente que andavas com este e com aquele.
Não conseguia estar ao teu lado e fingir que estava tudo bem, porque não
estava. Nunca ninguém me magoou tanto como tu, sabias? Nunca ninguém me
espezinhou e maltratou tanto como tu, acreditas? Mas é mesmo assim o verdadeiro
amor: dá-nos o poder do perdão. Ensina-nos que sem perdão não há lugar para o
amor.
Acredito,
que às vezes, a vida coloca-nos perante situações muito complicadas e que nos
parecem impossíveis de resolver. Parece que o mundo vai acabar. Que está tudo
contra nós. Às vezes é preciso pensar que perdemos tudo, para valorizar o que
está à nossa frente. Mesmo nos momentos mais difíceis há uma saída. É triste,
saber que não estás presente, quando estou triste, quando estou doente, quando
me sinto só e abandonado. É triste olhar ao redor e sentir-te como uma estrela:
linda mas impossível de alcançar. Os dias sem ti são para mim a situação mais
complicada de resolver que a vida me colocou em mãos. Mas não vou desistir. Não
sofro por ti, embora ainda te ame. Aprendi a amar de outra maneira. Sem choro.
Sem sofrimento. Sem mágoa, tristeza ou solidão, porque acredito que o destino
me vai surpreender, e que reserva para mim aquilo por que tanto lutei, esperei
e mereço.
Hoje,
já a meio de mais uma madrugada, escrevo-te novamente. Para que saibas que ainda
vives no meu coração, e ainda ocupas o espaço do grande amor da minha vida. A
tua ausência alimenta-me os sonhos e a vontade de escrever, escrever, escrever
e escrever cada vez mais o amor que sinto dentro de mim. E, pode parecer
presunçoso da minha parte dizer-te isto, mas eu acredito que nunca encontrarás
alguém que mesmo depois de tudo que fizeste te continue a amar tanto como eu te
amo. No fundo, eu e tu, sabemos bem disso não é? Embora te queiras convencer do
contrário. Tu queres acreditar que vais encontrar a pessoa certa, aquela que te
vai amar loucamente e te vai fazer feliz, queres encontrar um grande amor,
queres namorar e ter amor, já o tiveste pertinho, bem ao teu lado e deixaste-o
escapar entre os dedos. Tanto procuras o amor que acabas por deixar fugir as
histórias que a vida te dá. E depois entregaste a fantasias loucas, a namoros
que tu teimas em querer fazer resultar, só porque queres ter amor. Não queres
estar na solidão. Eu habito na solidão, - depois de me teres expulsado da minha
casa, que é como que diz, o teu coração –, e sou feliz. Talvez porque espere
por ti, e isso me alivie um pouco o peso do mundo, o peso de tudo o que nos
desune, mas espero. Porque às vezes o amor exige despedidas, aprendizagens, e
regressos. E eu, ainda hoje me lembro de ti, a rir no lugar do passageiro. A
rir e a dizer-me: “desta vez é para sempre. E desta vez vai ser diferente.”.
Pena que o final seja sempre o mesmo…
Até
amanhã.
Sem comentários:
Enviar um comentário