- Quando se tenta amar o
impossível, é muito difícil perceber o que se sente.
- Eu acho que é possível. Essa é
que é a grande diferença entre nós. Eu continuo a acreditar no nosso amor e a
prova é que…
- A prova é que temos passado bem
sem ele.
- Não… nós temos passado mal. Ou
vais dizer o quê? Que a tua vida com ou sem mim é igual? Sabes o que é que eu
acho? Que todo este tempo que estivemos separados, fez com que o nosso amor se
tornasse mais forte.
- É uma frase muito bonita… E já
foi dita por tanta gente, que se banalizou… pouco vale.
- O amor é uma verdade da qual
não podemos fugir. Eu não questiono o amor que sinto por ti. Eu só não percebo
porque é que a vida teima em manter-nos separados. E o que é que tu queres amor
ou segurança?
- O amor é uma coisa. Mas toda a
gente acaba por fantasiar com outra. E além disso se tu não és feliz numa
relação, é porque essa relação não te serve. E eu nunca senti contigo, que as
coisas podiam funcionar. Nunca me senti feliz. Nunca.
- Nós já tivemos momentos
felizes… momentos únicos! Sabes qual é a verdade? A verdade é que nós sentimos
amor um pelo outro, e tu sabes disso melhor do que eu.
- Eu não sei se tu me amas, ou
amas a ideia que tu fazes do amor.
- Agora és tu que estás a dizer
frases feitas…
- Sim, mas eu não fantasio os
meus sentimentos… Eu só me defendo do que sinto.
- Acredita em mim. Confia em mim.
Eu quero ficar contigo.
- Eu não vou voltar a criar
expectativas.
- Eu não te vou enganar mais… Eu
vou dar tudo o que tu mereces.
Este diálogo é uma fantasia minha. A maneira que
eu gostava que tivesse terminado a nossa história. Contigo a dizer-me que não
me ias enganar mais e que irias dar-me tudo aquilo que eu merecia. Mas, a vida
real é bem diferente das fantasias e da ficção. Não te iludas, pois a nossa vida não é uma novela,
onde tudo parece maravilhoso, os dois apaixonados ficam juntos e tudo acaba por
dar certo. Esse foi o meu erro. Acreditar no meu sonho, apesar de tudo o que
apontava para o contrário. “O teu problema é que és demasiado romântico”,
dizia-me a minha psicóloga. Agora de romântica a comédia da minha vida não tem
nada! Depois de tudo que fiz por ti, e de me teres feito o que fizeste só me
sobra o “Amo-te”, mas não quero mais continuar. É verdade que nunca imaginei
que este dia chegasse, mas é igualmente verdade que a vida é complexa e nem
sempre o que sonhamos ou queremos muito, acontece...
O amor não é apenas
um sentimento, é também uma atitude. Eu tive todas as que pôde contigo, se não
as soubeste ou quiseste retribuir, aí já é uma opção tua. Só acho injusto e é
isto que me revolta é ter que estar triste, e vivendo da forma que vivo, só
porque te amei de verdade. É o que eu digo: às vezes apaixonarmo-nos é um
crime, e por esse crime vamos pagar na pena máxima.
- Ai mas porque é que tem que ser
tudo assim? Tão definido? De um lado o que está certo, do outro o que está
errado. Porque muitas vezes, nós até podemos pensar que estamos a decidir o que
está certo, e estamos exactamente a fazer o oposto, estamos a decidir o que é
errado!
- Mas o que é que tu queres que
eu te diga? Nós vivemos numa sociedade que não aceita indefinições…
- Não… nós vivemos é num mundo
onde toda a gente é insegura, ninguém sabe o que quer, e acabamos por fazer
todos, mas todos, aquilo que esperam de nós…
- E é sempre chato não
corresponder às expectativas…
- Sabes aqueles dias muito
estúpidos, em que acordas e não sabes o que é que hás-de vestir, e tens a roupa
toda à tua volta, experimentas uma coisa, experimentas outra, e não te
consegues decidir por nada, até que, pronto olhas para o espelho, olhas para ti
vestido com aquilo que tu decidiste vestir e continuas a sentir-te mal com a tua
decisão, inseguro… é mais ou menos assim que eu me sinto.
- Pois mas tu só tens um corpo e
um conjunto de roupa… Tens que tomar uma opção…
“A solução é não negar os
sentimentos, assim não há dor…” ouvi uma vez uma amiga dizer-mo. Eu acho que a
solução é não amar. Aí sim, temos a certeza de que não iremos sofrer. E sim, de
facto esta seria a melhor solução. Mas eu acho que é bom amar, nada é perfeito temos
que aproveitar as coisas positivas que passamos, os bons momentos... porque
como em tudo na vida há coisas boas e más, e nós até temos consciência muitas
vezes que aquela pessoa não nos faz bem e continuamos a tentar. Cabe à pessoa
sair daquilo que não lhe faz bem, porque o verdadeiro amor deverá dar-nos mais
coisas boas do que más. Quanto mais negarmos aquilo que sentimos mais nos
afastamos da verdade e não nos libertaremos desse sentimento chamado
sofrimento, é algo mental...
Quando se ama, tem-se
geralmente a ideia que se sabe o que é melhor para a pessoa amada. O sentimento
de amor que deveria ser reciproco não acontece devido ao facto de uma das parte
negar o sentimento. Pois essa negação só acontece por um motivo: Medo! Medo de
incertezas quanto ao sentimento que sente ou Medo de não arriscar por diversas
razões. Partindo da origem dessa frase ser verdadeira ainda resta uma solução:
essa pessoa não esta a negar os sentimentos apenas não sente Amor.
As coisas que nos assustam são
em maior número do que aquelas que efectivamente nos fazem mal. Tal como a
maioria das vezes nos afligimos mais pelas aparências do que pelos factos
reais.
As emoções são o mais difícil de
controlar, ou de dissimular, e se não há verdades absolutas também não há
amores absolutos. Perdi o meu sonho, aquilo em que acreditei com tanta força ao
longo destes anos todos, perdi anos de empenho, dedicação e luta, para acabar
sozinho e com medo de que o futuro não me dê mais nada…
Até sempre,
meu sonho perdido
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