Já por diversas vezes pensei, um autor de histórias é como
ser Deus a brincar. Ele cria as suas personagens e dá a cada uma delas a sua
história, os seus problemas, as suas alegrias, as suas vivências.
Se eu fosse o autor da minha própria história, daria à minha
personagem todos os problemas que enfrentei, todas as dúvidas, medos, e
alegrias. Não mudaria nada. Porque acredito que cresci com tudo o que me
aconteceu ao longo da vida. E colocar-te-ia na mesma na minha história.
Escreveria todos os bons e maus momentos que passei ao teu lado. Choraria tudo
outra vez, magoar-me-ia em tudo o que na realidade me magoou, passaria por
todos os obstáculos, e continuava à tua espera. Porque acredito que é na espera
que se encontra o valor das coisas. É no esforço que fazemos para as ter que
encontramos o valor a dar-lhe mais tarde.
Se fosse eu o autor da nossa história, acredita, não mudaria
nada. Embora, tenha havido mais momentos maus, embora tenham existido muitas
decepções umas atrás das outras, apesar das mágoas incontáveis, e dos meses sem
falarmos… não apagaria isto. Reescreveria isto. Faria a minha personagem
sofrer. Daria a mim mesmo, o que a minha história me ofereceu. Mas mudaria o
final. Gostaria que na minha história, a mensagem final fosse a de que afinal
tudo vale a pena, e que na realidade não há impossíveis. Que tudo pode, de
facto, acontecer.
Não escrevia um final de novela. Escreveria um final idêntico
à realidade. Quem sabe um novo encontro por um acaso na rua, uma nova troca de
olhares, não acendesse a luz da nossa história perdida no tempo? Quem sabe as
mágoas, o teu sofrimento, e tudo pelo que passaste na vida, não te fizesse,
reconhecer o meu valor, e tudo aquilo que sempre fiz pela tua felicidade? Quem
sabe, depois de tantos desencontros, meias-verdades, afastamentos, e aquela
enorme falta de amor, a história não recomeçasse de outra forma, e ganhasse
outra direcção?
Uma coisa é certa, na minha história, eu e tu terminaríamos
felizes. Porque para mim tu não és como aquela minha camisola que eu amava e
que não me serve mais, e que mesmo que a alargasse não seria a mesma coisa, até
porque tu és o amor da minha vida, ou melhor, muito mais do que isso. O que eu
sinto por ti, palavras nenhumas conseguem explicar, e mesmo que tente
encontra-las, elas já nem sequer existem para a grandeza deste sentimento.
Talvez comece já hoje a ser um autor e brincar de Deus…
porque nas minhas histórias, as minhas personagens até podem sofrer muito, mas
no final, não se irão sentir injustiçadas e infelizes.
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